Este é
o "Pálido Ponto Azul" fotografia da terra tomada pela sonda Voyager 1
em 06 de julho de 1990. A 6,4 bilhões km, a Terra é o cisco relativamente
brilhante de luz em meio a um raio de sol. A versão original desta imagem pode
ser obtida no site da NASA. No subtítulo original se lê o seguinte:
Esta é
imagem a cores de ângulo estreito da Terra, apelidado de "Pálido Ponto
Azul '.
Olhem de novo esse ponto. É aqui,
é a nossa casa, somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece,
qualquer um sobre quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu,
viveram as suas vidas. O conjunto da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares
de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e
coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada
rei e camponês, cada jovem casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de
esperança, inventor e explorador, cada professor de ética, cada político
corrupto, cada "superestrela", cada "líder supremo", cada
santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali - em um grão de pó
suspenso num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena
cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e
imperadores, para que, na sua glória e triunfo, pudessem ser senhores
momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas crueldades sem fim infligidas
pelos moradores de um canto deste pixel aos praticamente indistinguíveis
moradores de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão
ávidos de matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas posturas, a nossa suposta
autoimportância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo,
são desafiadas por este pontinho de luz pálida. O nosso planeta é um grão
solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em
toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de outro lugar para
nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que
abriga vida. Não há outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde a
nossa espécie possa emigrar. Visitar, sim. Assentar-se, ainda não. Gostemos ou
não, a Terra é onde temos de ficar por enquanto.
Já foi dito que astronomia é uma experiência de
humildade e criadora de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração da tola
presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para
mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros,
e para preservarmos e protegermos o "pálido ponto azul", o único lar
que conhecemos até hoje.
Livro: Pálido Ponto Azul – Carl Sagan