Esse artigo é para você que está pretendendo adquirir um
telescópio para iniciar em observações astronômicas e está procurando algumas dicas.
Adquirindo um telescópio:
Regra numero 1 - Abertura
A primeira coisa que você tem que levar em conta é a
Abertura do telescópio. Para quem está procurando o primeiro telescópio deve-se
esquecer dos telescópios com aberturas inferiores a 70mm (Opinião pessoal). A
Abertura é por onde entra a luz a ser observada. Veja desta forma, supondo que
você esteja na varanda de um sítio com várias luzes acesas, quando de repente,
a energia acaba. Tudo fica totalmente escuro, mal pode-se ver a sua mão a
frente. Com o passar de um curto tempo, aos poucos você começará a perceber
visualmente as coisas a sua volta, até que em um momento você será capaz, mesmo
que sem a luz que foi cortada, de reconhecer todo ambiente a sua volta. Quando
tudo estava aceso as suas pupilas estavam pequenas, limitando a entrada de luz
no seu globo ocular, quando tudo se apagou, suas pupilas ainda pequenas não
conseguiam deixar entrar a pouca luz que era possível ser vista. Nesse momento
as suas pupilas começam a abrir aos poucos, permitindo a entrada de mais luz e
melhorando a sua visão. Isso é o que acontece com a Abertura do telescópio,
quanto maior a abertura, maior a captação de luz e com isso é possível ver os
objetos mais distantes do céu ou os mais próximos com melhor qualidade visual.
Por tanto, minha recomendação é telescópios com Aberturas
a partir de 70mm, lembrado que, a partir daí, quanto maior melhor.
Regra numero 2 – Distância Focal
A Distância Focal é outro item muito importante na hora
de escolher o seu telescópio. A Distância Focal é comprimento que vai da
Objetiva (Ou Espelho Primário no caso dos Newtonianos) até o focalizador.
Quanto maior for a Distância Focal, maior a capacidade de ampliação do
telescópio.
A formula é muito simples
Distância Focal dividido pelo tamanho da ocular igual a ampliação.
Por exemplo:
Exemplo 1 - Telescópio de Distância Focal 700mm
Ocular de 25mm
700/25 = 28x
Ocular de 12,5mm
700/12,5 = 56x
Ocular de 6mm
700/6 = 116x
Exemplo 2 - Telescópio de Distância Focal 900mm
Ocular de 25mm
900/25 = 36x
Ocular de 12,5mm
900/12,5 = 72x
Ocular de 6mm
900/6 = 150x
Mais um dado importante que você deve levar em
consideração é a Razão Focal do equipamento. A Razão Focal está relacionada a Distância
Focal (Comprimento) e a Abertura (Diâmetro). Você irá encontrar esse valor com
a sigla “f/”. Para iniciantes, a recomendação é telescópios com Razão Focal
mais alta, se for o seu caso, dê preferência para os f/9 ou superior, excelentes para o iniciante que normalmente está pretendendo observar a Lua e os Planetas, mas, é útil para todos os tipos de observações.
Para achar a Razão Focal utilize-se desta formula simples:
Distância Focal dividida pela Abertura
Exemplo:
Telescópio com Abertura de 90mm e Distância Focal de 900mm
900/90 = 10 Ou seja, f/10.
Regra numero 3 – Tripé
Basicamente, existem dois tipos de tripés, os Azimutais
(AZ) e os Equatoriais (EQ). O que posso dizer de imediato sobre isso é “Corra
dos tripés AZ-1”.
AZ-1: São tripés com regulagem para o movimento vertical
e horizontal com o eixo centralizado para os dois sentidos, porém, com um sistema simples de travamento, torna a localização
do objeto celeste muito difícil, o tripé é muito instável, sendo isso um fator
muito comum para a desistência da astronomia amadora.
AZ-2: São tripés com movimentos centralizados para todos os lados como
no AZ-1, porém, esse é dotado de sistema de movimento lento na vertical, o que
ajuda muito na estabilidade do tripé e na localização e focalização do objeto
celeste.
AZ-3 (Modelo da imagem acima): São tripés com movimentos centralizados para todos os lados, mas,
melhor que o AZ-2, ele tem movimento lento na vertical e na horizontal,
tornando o acompanhamento do objeto celeste bem confortável.
EQ: O tripé com armação Equatorial são um pouco mais
complexos, porém, nada tão complicado. Eles permitem um perfeito acompanhamento
do objeto celeste. Para isso, é necessário direcionar o eixo do tripé para o
Sul Celeste para quem está no Hemisfério Sul ou para o Norte Celeste para quem
está no Hemisfério Norte (Polo Celeste não o mesmo que Polo Magnético da Terra).
Isso você consegue com a ajuda de aplicativos para Smarts Phones, um que indico
é o PoleCeleste2, mas, isso você consegue com a ajuda também do Stellarium, um
software indispensável para astronomia amadora. Além do Polo Celeste, será
necessário inclinar o eixo do tripé na latitude de onde você estiver, isso você
consegue com a internet ou o GPS. Os EQs variam com EQ-1 o modelo mais básico,
EQ-2 que permite motorização simples, e EQ-3 EQ-4 EQ-5 que permitem
motorizações mais precisas. Os tripés EQ permitem que o observador os utilizem
no modo azimutal (AZ).
Regra numero 4 – Ampliação útil
A ampliação normalmente vem na embalagem do telescópio de
forma enganosa. Por exemplo: É comum você encontrar no mercado um telescópio de
60mm prometendo uma ampliação de até 200x. Isso não é exatamente uma verdade,
se você ampliar um 60mm em 200x o máximo que verá será um borrão. Então, vamos
a uma informação que você precisa saber para ter certeza do quanto o telescópio
pretendido é capaz de ampliar com eficiência.
A capacidade de ampliação útil de um telescópio pode ser
calculado com uma formula muito simples:
Exemplo:
Telescópio de 70mm
70 x 2,3 = 161
70 x 2 = 140
Tire a média e descobrirá que a ampliação máxima útil deste
telescópio é de 150x.
Telescópio de 203mm
203 x 2,3 = 466,9
203 x 2 = 406
Tire a média e descobrirá que a ampliação máxima útil
deste telescópio é de 430x.
Claro que você tem na multiplicação por 2,3 uma
tolerância, porém, com o valor obtido com a média você estará garantindo uma
qualidade excelente de observação.
No caso do telescópio de 60mm, a ampliação máxima tolerável
é de 138x e a ampliação útil será de aproximadamente 130x.
Essas são as 4 regras básicas para se adquirir um
telescópio para observação astronômica. Porém, atente-se também a outras coisas
como qualidade das lentes ou espelhos, estrutura do OTA, focalizador sem jogo,
buscadora First Scorp sem ser de plástico, tripé firme com bandeja de
acessórios e qualidade dos acessórios que vem junto.
Existem basicamente 3 tipos de telescópios, os
Refratores, os Refletores e os Cassegrain .
Os refratores tem uma lente objetiva na frente que refrata
toda a luz captada para a ocular, é o modelo criado por Galileu Galilei.
Os refletores tem um espelho côncavo no fundo do tubo que
reflete a luz para um espelho secundário no alto do tubo e que reflete a luz
para uma ocular, modelo de Isaac Newton.
Os Cassegrains é uma combinação do refrator com o
refletor. Ele tem uma lente objetiva e espelhos que refletem a luz para a
ocular.
Uma dica muito importante é que você participe de um Fórum
de astrônomos amadores e consiga dicas boas de aquisições.
Um telescópio de segunda mão pode ser uma boa opção para
se conseguir um bom custo/benefício.
Para concluir fica aqui a recomendação do que NÃO comprar.
1-Telescópios refratores com aberturas inferiores a 70mm.
Você até encontra raros bons telescópios com aberturas de 60mm, porém, para
garantir a satisfação, procure os de 70mm em diante. No caso dos Newtonianos
(Refletores), procure os de 114mm em diante.
2-Telescópios que usam oculares de 0,96’. Procure os que
utilizam oculares de 1,25’.
3-Não compre telescópios com lente Reley. São os
telescópios refletores com grande abertura e tubo muito curto.
4-Evite os com armação de tripé AZ-1.
Essas são dicas com uma base simples, sem as complexidades mais avançadas, mas, muito úteis na hora de comprar um telescópio. No alto da coluna ao lado tem uma lista com as lojas especializadas mais conhecidas dos astrônomos amadores brasileiros.